TEIXEIRA, João de Fernandes. Mentes e máquinas: uma introdução à ciência cognitiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. 182p.

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Citações...

p. 5
"Nenhum computador tem consciência do que faz, mas, na maior parte do tempo, nós também não." (Marvín Minsky)

p. 9
"a perspectiva não apenas de replicar o pensamento humano, mas, também, de lançar mão de novos métodos para estudar nossas próprias atividades mentais."

p. 32
"o teste de Turing estabelece o seguinte critério para decidirmos se uma máquina pensa: se o comportamento de uma máquina for indistinguível daquele exibido por um ser humano, não há razão para não atribuir a essa máquina a capacidade de pensar."

p. 33
"Mas qual será nosso critério cotidiano para sabermos quando alguém pensa? Nada além da observação de seu comportamento: se seu comportamento for idêntico ao nosso, sentimo-nos à vontade para atribuir pensamento a essa criatura. O critério de atribuição de pensamento baseia-se na aproximação com nossos possíveis comportamentos: é por intermédio desse critério que julgamos não apenas se outros seres humanos pensam, como também se os animais pensam. E não dispomos de nada melhor, uma vez que os filósofos nunca conseguiram chegar a um consenso sobre o que é pensar."
/
"o Museu do Computador de Boston promove, anualmente, uma competição de softwares. O melhor software é aquele que tem melhores condições de passar no teste de Turing e ganha o prêmio Loebner."

p. 44
"inteligência resulta da representação mental, e esta nada mais é do que atividade simbólica. O que nos distingue de outros animais menos inteligentes é nossa capacidade de produzir e manipular símbolos. Este é o real caráter distintivo da inteligência humana: a produção e manipulação de símbolos que dão origem às atividades cognitivas superiores, como a Matemática e a linguagem." [Não seríamos mais inteligentes, apenas produziríamos outros tipos de símbolo] [Fazer o texto sobre "formigas, homens e máquinas, usando também a Super]

p. 45
"se computadores são um tipo especial de arranjo material, ou seja, uma combinação de elementos materiais de silício ou de qualquer outro elemento da natureza, e se eles puderem realizar tudo o que uma mente humana realiza, não haveria nenhuma razão para supor que mente e matéria são diferentes. Poderíamos igualar mentes e máquinas, cérebros e mentes."

p. 49
"Um marciano pode ter um sistema nervoso completamente diferente do meu, mas se o sistema nervoso desse marciano puder executar as mesmas funções que o meu, o marciano terá uma vida mental igual à minha - pelo menos na perspectiva do funcionalismo."

p. 51
"inteligência não é apenas raciocínio, mas também memória".

p. 52
"um conto de Douglas Hofstadter, A Conversation with Einstein's Brain (Uma conversa com o cérebro de Einstein) publicado na coletânea The Mind's I, em 1981. Hofstadter imagina uma situação na qual toda informação contida no cérebro de Einstein é armazenada numa espécie de livro, pouco antes de sua morte. O livro é inserido, então, num sistema que permite realizar operações de vários tipos como, por exemplo, acessar informações, fazer perguntas e obter respostas, etc. O sistema como um todo simula a atividade do cérebro de Einstein e permite manter com ele uma conversa póstuma. Todas as respostas fornecidas são exatamente o que Einstein teria dito se estivesse vivo!"
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"Quando entrevistamos um especialista humano num determinado assunto - para fazer a coleta de informação e instruir nossa base de dados - muitas vezes deparamos com procedimentos sobre os quais o próprio especialista tem dificuldade de expressar. São procedimentos e conhecimentos que o especialista atribui a um "sexto sentido" ou a uma "intuição" que resiste à conceitualização ou a uma expressão clara. Este e o caso típico, por exemplo, daquela pessoa que sabe consertar o defeito do motor de um carro, mas não sabe dizer exatamente o que faz nem que tipo de função desempenham as peças desse motor."

p. 53
"Até que ponto a formalização é um instrumento eficiente para a representação do conhecimento? Haverá limites para a representação formal do conhecimento humano? Até que ponto um sistema especialista poderia gerar conhecimento novo? Poderia um sistema especialista realizar descobertas a partir da recombinação de dados de sua base de memória?"

p. 65
"o problema da simulação do senso comum ainda persiste, apesar de todas as tentativas de encontrar métodos alternativos para a representação do conhecimento. Exemplos típicos deste problema ocorrem quando, por exemplo, alguém nos pergunta qual o número de fax de Ludwig van Beethoven. Nós imediatamente descartamos a pergunta, pois sabemos que na época de Beethoven não havia aparelhos de fax. Um sistema especialista consultaria sua base de conhecimento e tentaria encontrar o número de fax de Beethoven para, depois de algum tempo, fornecer a resposta, ou seja, afirmar que tal número não existe. Pior do que isto, é possível que o sistema especialista acuse que sua base de conhecimento está incompleta e solicite ao usuário que forneça esta informação suplementar!"

p. 72
"não sabemos se, de fato, os computadores podem ou não compreender alguma coisa. A situação seria semelhante àquela quando observamos um ser humano responder a perguntas a respeito de um texto qualquer: como podemos estar certos de que essa pessoa compreende o que está fazendo? Por acaso muitos de nossos processos mentais cotidianos não são tão rotineiros que os fazemos por uma associação tão mecânica e cega como as do computador?"

p. 74
"intuição marcaria uma diferença entre mentes e máquinas".

p. 75
"Os paradoxos da consciência surgem porque um ser consciente sabe o que ocorre com ele e não pode ser dividido em partes. Isto significa que um ser consciente pode lidar com questões gödelianas: ele pode conceber seu próprio desempenho e ao mesmo tempo algo externo a esse desempenho, sem que para isso tenha de se dividir em partes. Isto não poderia ocorrer no caso de uma máquina. Uma máquina pode ser concebida de maneira a relatar o que ela faz, mas isto não seria possível sem que precisássemos adicionar uma nova máquina à original. É inerente à nossa própria idéia de consciência a capacidade de auto-reflexão, ou seja, a capacidade de relatar e criticar nossos próprios desempenhos sem que nenhuma parte suplementar seja necessária; a consciência é, neste sentido, completa e não possui nenhum calcanhar de Aquiles". (J. R. Lucas)

p. 76
"será que não haveria, na própria natureza, processos não-algorítmicos e assim sendo não poderíamos continuar sustentando uma possível identidade entre processos mentais e processos cerebrais?"

p. 77
"estados conscientes desempenham o papel de um "observador externo" que toma "decisões" diante de processos não-computáveis. Ora, como conceber um análogo a estes estados não-computáveis sem romper com uma hipótese materialista? É preciso encontrar na natureza algo semelhante, algo que possa servir de fundamento para uma abordagem científica da consciência. Penrose supõe que um processo análogo ocorre na mecânica quântica, uma área da física na qual se reconhece a existência de processos não-deterministas - a ruptura com o determinismo seria então o elemento característico da não-algoritmicidade (vale lembrar que um processo algorítmico é sempre finito e determinístico). A mecânica quântica seria - pelo menos de acordo com um certa interpretação - a chave para a ciência da consciência."
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"Problemas intratáveis são aqueles que comportam um solução algorítmica, porém o tempo requerido para se executar este algoritmo o torna ineficiente."

p. 78
"Processamento de sinal neuronal não pode ocorrer a uma velocidade maior que a da luz."

p. 78-79
"Como é possível que nossa mente, através de intuição matemática ou insight específico possa resolver, instantaneamente, alguns problemas transcomputáveis? Isto significa dizer que, se nossa mente funciona algoritmicamente, ela é capaz de processar informação com uma extraordinária rapidez - urna rapidez que superaria o limite fundamental proposto por Bremermann. A superação deste limite fundamental, ou seja, processar informação a uma velocidade maior que a da luz tem coma conseqüência metafísica imediata a possibilidade de sustentar que pelo menos parte das atividades mentais humanas não teria as características atribuíveis a sistemas físicos. Mente e cérebro teriam de ser diferentes, caso contrário a intuição matemática não poderia existir. Estaríamos aqui diante de um forte argumento em favor da distinção entre mente e cérebro!"

p. 83
"o projeto de simular as atividades mentais esteve dividido entre duas grandes alternativas: estudar a mente humana ou o cérebro humano."

p. 85
"as ligações permitem que as unidades individuais se excitem e se inibam entre si de uma maneira sistemática. O estado de uma unidade num determinado momento dependerá, em parte, do estado de todas as outras unidades com a qual ela está ligada. E essas unidades, por sua vez, serão influenciadas ainda por outras com as quais estão conectadas no interior da rede. A produção de um determinado output dependerá, assim, de um processo interativo de ajustamento mútuo de inibições e excitações, até que uma decisão final seja atingida - a decisão que chamamos de "decisão comunitária'. Este processo de ajustamento é também denominado de "processo de relaxamento", num ciclo que guarda muita semelhança com o modelo de prazer/ desprazer e o princípio de constância que norteou o modelo hidráulico da mente proposto por Freud."
/
"Os cérebros e as redes neurais não perdem tão facilmente a informação porque ela está distribuída no sistema."

p. 89
"No seu ensaio Conocer (1988), Francisco Varela apresenta as linhas gerais do paradigma conexionista que reproduzirmos a seguir:

O que é a cognição?
A emergência de estados globais numa rede de componentes simples.

Como funciona esta rede?
Por meio de regras locais que governam as operações individuais e de regras de mudança que governam a conexão entre os elementos da rede.

Como saber se um sistema cognitivo funciona adequadamente?
Quando verificamos que as propriedades emergentes e a estrutura resultante correspondem a uma atitude cognitiva especifica: uma solução satisfatória para a tarefa em questão."

p. 105
"Estados mentais ocorrem no espaço, embora não possamos dizer exatamente onde eles ocorrem: eles estão em algum lugar da rede de conexões entre as unidades e na forma de um processo global do sistema."

p. 106
"A formação do gelo, após o resfriamento da água, constitui um bom exemplo do que estamos afirmando. Ninguém negaria que o gelo é água, mas, por outro lado, a ele podem ser atribuídos predicados que não se encontram na água, como "ser sólida". A solidez é um predicado emergente que se forma a partir de leis físicas bem estabelecidas e conhecidas. Contudo, "ser sólido" não é um predicado que possamos atribuir a cada uma das moléculas de uma barra de gelo, mas só ao sistema físico como um todo. A mesma coisa podemos afirmar, mutatis mutandis, da emergência de estados mentais a partir das configurações neuronais e da conectividade: estados mentais podem surgir destas últimas, mas dificilmente poderíamos atribuir suas propriedades a cada um dos neurônios considerados isoladamente."
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"O mesmo input visual, ou seja, o mesmo conteúdo sensorial pode dar lugar a dois tipos diferentes de conteúdo representacional. A variação de conteúdo representacional poderia ser explicada pela ativação de diferentes redes ou diferentes conexões que podem variar de indivíduo para indivíduo ou até ocorrer no mesmo indivíduo em tempos diferentes - urna diferença de ativação que por sua peculiaridade torna a formação de conteúdos representacionais imprevisíveis para um observador externo."

p. 109
"esperando encontrar uma pessoa no restaurante e essa pessoa (Fred) não comparece ao encontro. O conhecimento que temos de Fred e de outras pessoas semelhantes a ele pode sugerir várias hipóteses de por que ele não compareceu, mas será necessário escolher dentre essas hipóteses qual é a mais plausível. Talvez Fred tenha decidido que seria melhor ficar estudando ou talvez tenha decidido que seria melhor ir a uma festa. No meio destas hipóteses pode também surgir uma informação suplementar: a de que Fred foi visto na biblioteca da universidade. // Como isso pode ser representado num sistema conexionista? As unidades representando hipóteses são ligadas a uma unidade especial que as ativa e a ativação espalha-se para outras unidades. Existe uma ligação inibitória conectando as unidades que representam hipóteses excludentes, como, por exemplo, que Fred estava na biblioteca e que Fred foi a uma festa. A escolha da melhor explicação pode envolver não apenas evidências em favor da melhor hipótese, como também explicações de por que tais hipóteses podem ser verdadeiras. Por exemplo, Fred pode ter ficado estudando, pois precisa de notas para passar de ano; alternativamente, ele pode ter ido a uma festa, uma vez que gosta deste tipo de atividade. Quando a rede se estabilizar, ela terá fornecido uma interpretação coerente do comportamento de Fred. Se a rede se estabilizar quando a unidade para "Fred está estudando" for ativada, isto significará que esta unidade tem mais força excitatória do que as demais, como, por exemplo, a unidade "Fred foi a uma festa"."

p. 116
"será nosso cérebro capaz de produzir uma noção de complexidade que nos permita descrevê-lo? Este problema se desdobra imediatamente na dificuldade envolvida em representar a multiplicidade das conexões que devem estar presentes no cérebro. Esta multiplicidade pode ser tão complexa e intrincada que, mesmo que nela encontremos algum tipo de padrão, a geração de um modelo de cérebro, mesmo com o auxílio de computadores, pode facilmente levar-nos a um problema do tipo NP (ver o final do Capítulo 1, primeira parte), ou seja, não poderíamos, num tempo razoável, produzir sequer um "retrato" aproximado de nosso próprio cérebro. E, neste caso, como poderíamos estabelecer todas as possíveis conexões entre seus neurônios - conexões que seriam responsáveis pelo aparecimento de formas mais complexas de vida mental. Em outras palavras, como simular aquilo que não podemos sequer representar?"
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"uma descrição completa do cérebro será sempre mais complexa do que o próprio cérebro que a produz. Ora, como pode o cérebro produzir algo mais complexo do que ele mesmo? E como o próprio cérebro poderia compreender e reconhecer como sendo verdadeiro algo mais complexo do que ele mesmo? O problema do reconhecimento de tal teoria ou descrição pode levar a um impasse de difícil solução: não seria possível assegurar que tal descrição, uma vez atingida, é a correta. Ora, se o cérebro não pode produzir algo mais complexo do que ele mesmo, a possibilidade de replicá-lo através de sistemas artificiais fica afastada. Pelo menos a possibilidade de construir uma réplica do cérebro em laboratório."

p. 116-117
"a proposta de robôs capazes de se auto-reproduzir, imitando artificialmente o processo evolucionário de seleção natural, que permite a geração sucessiva de organismos (no caso máquinas) cada vez mais complexos. Por meio deste processo de geração sucessiva seria possível, em última análise, conseguir reproduzir o extraordinário grau de complexidade do cérebro".

p. 124
"a idéia de que a vida depende não apenas da transmissão de informação, mas também de um certo grau de complexidade "crítica" que certos sistemas devem possuir foi confirmada por teorias bastante recentes que estudam o caos e sistemas dinâmicos não lineares. Sem esta "complexidade crítica", os organismos não evoluem e entram em processo de extinção progressiva."

p. 134
"a simulação do comportamento inteligente deve ter como ponto de partida os comportamentos simples, mundanos, que não requerem a existência prévia de representações. Isto constitui urna guinada radical em relação ao estatuto da representação, que passa a ser vista como um fenômeno tardio na ordem vital. A cognição não se inicia com a representação e sim com a interação do organismo com o seu meio ambiente onde dois fatores são fundamentais: a percepção e a locomoção."

p. 135
"uma vez que a inteligência do sistema surge a partir de sua interação com o meio ambiente, ela não precisa ser pré-programada. Comportamentos inteligentes, mais complexos, surgem a partir de uma multiplicidade de comportamentos simples."

p. 137
"o "critério de decomposição" de um ser inteligente não é por módulos funcionais e sim por módulos de atividade: o ponto de partida da cognição é a ação e não a representação."

p. 138
"A novidade desta arquitetura de camadas consiste no fato de ela não pressupor a existência de um modelo central do mundo representado explicitamente dentro do agente autônomo. Não existe uma separação implícita entre dados e computações - ambas são distribuídas sobre a mesma rede de elementos. Tampouco existe um controle central; sistema perceptual, sistema central e sistema de atuação encontram-se intimamente mesclados. Todas as partes do sistema podem atuar como perceptores e atuadores dependendo das circunstâncias, ou seja, não há hierarquização prévia."

p. 143
"A Escola Chilena, representada por nomes como Francisco Varela, Humberto Maturana e Evan Thompson, nasce de uma insatisfação profunda com o conexionismo e com a Inteligência Artificial simbólica. Tanto no representacionalismo como no conexionismo, a idéia de cognição continua envolvendo o conceito de representação de um mundo externo que já se encontra predefinido. A Escola Chilena adota um outro ponto de partida: o mundo emerge a partir da ação dos agentes cognitivos; a ação precede o aparecimento da própria representação. Agente e mundo se especificam mutuamente, ou melhor, é o meu aparato sensório-motor que especifica meu mundo. Como agente autônomo que sou, sou parte do meu mundo ao mesmo tempo em que sou especificado por ele. O conhecimento advém do fato de eu estar num mundo que é inseparável de meu corpo, de minha linguagem e de toda minha história social."

p. 147
" Varela (1988) apresenta uma síntese das principais linhas do paradigma enativo utilizando-se para isto do seguinte diálogo:

O que é a cognição?
A cognição é ação efetiva: história do acoplarnento estrutural que faz emergir um mundo.

Como isto é possível?
Através de uma rede de elementos interconectados capazes de mudanças estruturais ao longo de uma história ininterrupta.

Como saber se um sistema cognitivo funciona adequadamente?
Quando se transforma em parte de um mundo de significação preexistente (como ocorre com indivíduos de toda uma espécie) ou configura um novo (como ocorre na história evolucionária)."
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" A noção de inteligência é também alterada no paradigma enativo: em vez de ser definida como capacidade de resolver problemas, ela passa a ser a capacidade de ingressar num mundo compartilhado."
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"a atividade de comunicação não consiste na transferência de informação do emissor para o receptor, mas na modelação mútua de um mundo comum através de uma ação conjunta."

p. 150
"A investigação da diferença entre sono e vigília também trouxe resultados não menos surpreendentes. Llinás e Pare (1991) mostraram que os mecanismos de implementação do sono e da vigília no cérebro são idênticos, ou seja, não há diferença nas bases neuronais responsáveis pela produção destes dois tipos de estado. Mas o mais surpreendente ainda foi eles terem mostrado que não há diferenças neurológicas e funcionais entre sonhar e perceber: estes dois estados também têm uma base comum, qual seja, as oscilações de grupos de neurônios na faixa de 35-40 Mhz. Se há muito de percepção no sonho, esta última está também muito próxima dos estados oníricos."

Seleção de citações: Eduardo Loureiro Jr., março de 2001