Universidade Federal do Ceará
Programa de Pós-Graduação em Educação - Doutorado
Disciplina: Correntes Modernas da Filosofia da Ciência
Professor: André Haguette
28 e 29.junho.2000
Princípios de ética universal - 6 a 11
Eduardo Loureiro Jr.
6. Não cometer adultério. A bigamia é ter um marido demais. A monogamia é o mesmo. O paradoxo no amor é que dois seres se tornam um único e, assim mesmo, permanecem dois (Erich Fromm). A fidelidade é um pacto de posse com a outra pessoa (Cláudio Nucci). Deveríamos nos integrar ao nosso ambiente, esquecer de nós no mundo e entrar na gota de chuva entre o céu e a terra; assim, dois se tornam um e compreendemos intuitiva e totalmente (Tsai Chih Chung). O adultério é aquilo que liga três pessoas sem uma saber. Se a sua mente estiver dividida por dois desejos conflitantes, isso destruirá a sua unidade e paz. Lembre-se, quando tiver de segurar algo, segure-o; quando tiver de deixá-lo ir, deixe-o (Tsai Chih Chung). O maior enganado é aquele que engana a si próprio (Ralph Waldo Emerson). É possível sobreviver sem cometer nenhum ato de traição? (Jean Renoir)
7. Não roubar. Assim como cada país, o mundo também tem seu produto interno bruto. A renda per capita mundial, obtida dividindo o produto interno bruto pela população mundial, é de aproximadamente trezentos e setenta e cinco dólares por mês. Cada pessoa, se houvesse uma distribuição igualitária de renda, deveria receber essa quantia por mês. Parece pouco, e tenta-se a saída de aumentar o bolo para só então dividi-lo. Mas a taxa de crescimento da renda per capita mundial é de apenas um por cento ao século.
8. Não prestar falso testemunho contra o próximo. Falso é tudo aquilo que é contrário à realidade, ou que a desvirtua, ou seja, praticamente tudo. A maneira mais simples de criar falsidades novas é acrescentar filtros nas relações. Por exemplo, dizer não o que se pensa, mas aquilo que achamos que a outra pessoa gostará de ouvir. Ou então avaliarmos o que a pessoa pode ou não ouvir. O homem que diz dou não dá, porque quem dá mesmo não diz (Vinícius de Moraes). Tratar o outro como criança que nunca é tratada como outro, censurando-lhe a informação. Apenas pelas palavras o ser humano alcança a compreensão mútua; por isso, aquele que quebra sua palavra atraiçoa toda a sociedade humana (Michel de Montaigne). O homem superior age antes de falar e depois fala de acordo com suas ações (Confúcio).
9. Não cobiçar a mulher do próximo. É mais fácil ser amante do que marido, pois é mais fácil dizer coisas bonitas de vez em quando do que ser espirituoso dias e anos a fio (Honoré de Balzac). Quem deixa a sua casa em busca da felicidade corre atrás de uma sombra (Provérbio Chinês). O amor nada dá senão de si próprio e nada recebe senão de si próprio. A mulher como propriedade do próximo antecede a sociedade de consumo. Tudo se transformando em propriedade, ainda haverá a idéia de propriedade? Se tudo vale, algo vale? O amor não possui e não se deixa possuir, pois o amor basta-se a si mesmo (Gibran Kahlil Gibran).
10. Não cobiçar coisa alguma que pertença ao próximo. Vasumitra era chamado de louco, pois ficava vagando dia e noite com um pote de vinho sobre a cabeça. Certa vez, ele encontrou o mestre Michaka e perguntou: Você sabe o que é isto? É um pote, ainda impuro, respondeu Michaka. Vasumitra colocou o pote diante do mestre e continuou: Ele é meu ou seu? Michaka respondeu: Se você achar que este pote é meu, então você está livre da existência relativa; e se você achar que o pote é seu, então você é buddha, além das noções de 'absoluto' e 'relativo'. Se crês que algo te pertence, deixa-o escapar. Se volta, é porque sempre foi teu. Mas, se não volta, é porque nunca o foi (Virosta).
11. Amar ao próximo como a si mesmo. O amor ao próximo é o amor de si mesmo. Projetamos nossos traumas, ansiedades, necessidades, qualidades enrustidas e um monte de balengotengos nos outros. Amo o que é próximo ao meu amor no outro. Amo no outro aquilo que amo em mim mesmo. Quanto maior o egoísmo, maior a fraternidade.
A continuar, mais fundo, não mais longe...